O uso do código de barras no combate a falsificação de produtos
A falsificação de produtos tem se tornado um problema não apenas do mercado brasileiro, mas mundial. Constantemente considerado, principalmente pelos consumidores, como um crime “inocente”, na verdade essa prática acaba sendo apenas a ponta do iceberg de outras atividades muito mais condenáveis.
Ela pode afetar a saúde, os direitos, a economia de todo o país e, principalmente, a saúde financeira das empresas legalizadas. Se o seu objetivo é que o seu empreendimento cresça e se torne cada vez mais competitivo e presente no mercado brasileiro e internacional, adotar medidas de combate a esse mal deve começar a fazer parte da sua agenda desde já.
Por isso, no post de hoje vamos te apresentar um grande aliado na luta contra a falsificação: o código de barras. Continue a leitura e saiba como ele ainda pode evitar cópias ilegais dos seus produtos, fazendo com que eles possam ser identificados e rastreados facilmente!
1. O problema da falsificação de produtos
Pequenos e médios empreendedores, em geral, não costumam enfrentar o problema de ver seus produtos serem falsificados. Por esse motivo, acreditam que estão imunes às consequências dessa prática, quando na verdade não estão.
Se não lidam diretamente com os efeitos dela, pequenos fabricantes como você sofrem indiretamente com as falsificações sem saber. Afinal, ela prejudica as empresas legalizadas e o governo, que são obrigados a lidar com a concorrência desleal e os impostos que deixam de ser pagos pelos falsificadores.
Eles fazem isso adotando medidas de combate às cópias ilegais, que restringem esse tipo de ação criminosa, mas acabam também prejudicando os consumidores, fornecedores, pequenos e médios empresários.
Veja como e por que a falsificação de produtos atinge o setor produtivo brasileiro como um todo, aumenta o valor final dos seus produtos e diminui a competitividade de empresas como a sua:
1.1 Ela enfraquece os mecanismos institucionais
Você sabe: para colocar o seu produto no mercado, você deve primeiro fazê-lo passar por um rígido controle de qualidade. Essas normas não são fáceis de cumprir e você precisa gastar para adequar sua mercadoria a elas. O que é compreensível, já que essas regras visam à segurança, saúde e integridade do consumidor final, o que as torna absolutamente compreensíveis.
Além do mais, você paga muitos impostos sobre a sua produção, tanto diretamente — com os tributos que incidem sobre a matéria-prima que você compra e o produto final que vende para os fornecedores, por exemplo — quanto indiretamente, contratando funcionários para trabalhar na sua fábrica ou com o valor do IPTU do local onde a empresa funciona.
Agora, imagine competir com produtos que aparecem da noite para o dia no mercado e que, além de serem idênticos aos seus na aparência — alegam mesmo ser da mesma marca — para serem fabricados não gastaram um tostão sequer além dos próprios custos de produção.
Eles não tiveram que se adequar às normas de qualidade que são impostos a você, não pagaram impostos de nenhuma espécie, não pagam royalties nem nenhuma licença do tipo para usar o nome da sua empresa e, por isso, são vendidos por preços muito melhores que os que você consegue praticar.
Agora imagine que, se esse tipo de indústria ilegal prospera e nada é feito a respeito, você próprio pode começar a questionar os mecanismos institucionais de fiscalização, recolhimento de tributos e outras medidas que asseguram o bem geral de empresas, população e consumidores.
Afinal, como o seu “concorrente” criminoso não é penalizado por agir de maneira ilícita, você acaba sendo punido indiretamente por ser rigoroso nos mecanismos de produção e cumprir as leis. Isso poderia enfraquecer o respeito que você tem pelas instituições que regem o comércio no país e ser bastante desestimulante.
Ou seja: o que mais se deve evitar é que esse tipo de ação criminosa desanime o empreendedor honesto, que paga seus impostos e submete seus produtos a testes de qualidade, pensando sempre no bem do seu consumidor final.
1.2 As origens da falsificação dificultam o seu combate
Esse tipo de mercado ilegal costuma prosperar bastante em países como o Brasil, em que a distribuição de renda é muito desigual e os impostos, muito altos. Diversas marcas são obrigadas a encarecer sua mercadoria por causa desses dois fatores e boa parte dos consumidores, por outro lado, consideram o preço que é cobrado deles fora da sua realidade.
A falsificação se torna muito difícil de combater quando o consumidor passa a achar cômodo pagar por um produto “da mesma marca”, mas com um valor muito abaixo do esperado. Ele pode fazer isso por desconhecimento — quando compra esse produto acreditando que realmente foi fabricado por aquela marca — ou simplesmente por achar o falsificado muito parecido com o original e mais barato.
Se esse tipo de atividade ilícita tiver aprovação das pessoas que compram, vai ficar difícil combatê-la. Felizmente, é possível conscientizar esses consumidores: se eles souberem todos os malefícios da falsificação que listamos aqui e, além disso, forem capazes de distinguir o original da cópia, podem mudar de lado rapidamente.
É aí que entra o código de barras nessa história toda. Mas, antes de falarmos detalhadamente da sua importância, vamos entender outros problemas ainda mais graves criados pela falsificação.
1.3 A falsificação não é um crime inocente
Ao contrário do que se imagina, cópias ilegais de produtos circulando livremente por aí é algo muito sério. Embora roupas, sapatos e perfumes sejam os itens mais copiados ilegalmente no Brasil e no mundo todo, esses produtos não são os únicos a serem falsificados.
A forma como consideramos o crime de falsificação pode mudar muito se levarmos em conta que toneladas de remédios falsos são apreendidas todos os anos no Brasil e que quase sempre o dinheiro de produtos falsos como esses é usado para financiar grupos terroristas e outras facções criminosas mundo afora.
Além disso, alguns produtos são muito mais dependentes de normas rígidas de produção do que outros. Imagine, por exemplo, o que pode acontecer com um mergulhador se ele descobrir na prática que o seu equipamento é falsificado? Isso aconteceu com Bill Bronson, curiosamente o presidente da marca de roupas e acessórios esportivos Ruffin.
O incidente por pouco não leva Bill à morte. Depois disso, ele e sua empresa se viram obrigados a iniciar uma forte campanha de combate à falsificação dos produtos da marca.
Imagine o perigo a que todos nós ficamos sujeitos quando a falsificação chega à indústria de medicamentos, aparelhos que são usados em UTIs de hospitais, peças de automóveis que podem falhar e colocar a vida de motoristas e passageiros em risco, equipamentos de segurança de operários que trabalham a vários metros do chão, peças e aparelhos de aviação e armas de fogo.
Para não falar de algo muito mais cotidiano para todos nós: os alimentos que consumimos. Imitações de produtos alimentícios circulando livremente por aí podem significar, em casos extremos, até mesmo infecções e envenenamento.
São milhares de vidas dependendo de um alto controle de qualidade que começa a ser facilmente burlado. Além, claro, dos prejuízos financeiros a que consumidor, empresas legalizadas e governo estão sujeitos.
1.4 Ela gera problemas econômicos para todos
A falsificação de produtos atinge até mesmo os pequenos e médios produtores. Como os produtos ilegais não pagam impostos, eles complicam a situação de todos os outros setores, seja a dos consumidores, fornecedores, governo e empresários que não estão diretamente envolvidos.
As grandes empresas investem muito dinheiro para que os produtos falsificados não cheguem indevidamente às mãos do consumidor. Elas mudam detalhes da sua linha de produção, param de compartilhar informações com os parceiros de logística e gastam para criar tecnologia que torne seus produtos mais difíceis de copiar.
Chegam mesmo a dar treinamento e fornecer equipamentos eletrônicos a agentes alfandegários, para que eles sejam capazes de identificar as cópias mais facilmente.
Além disso, elas pressionam o governo dos países envolvidos para que adotem medidas de fiscalização mais rígidas em portos, aeroportos e estradas, apreendendo a carga ilegal antes que ela chegue aos pontos de venda.
Esses governos — que constantemente deixam de arrecadar por causa da falsificação — também têm interesse em combater a pirataria e atendem à solicitação das empresas, tomando medidas mais duras.
Essas medidas, por sua vez, acabam por onerar cada vez mais os distribuidores, seja porque a carga tributária aumenta para dar conta delas ou porque o transporte fica mais complexo devido à fiscalização.
E, como muitas vezes os fornecedores das grandes empresas são os mesmos que você contrata, tudo isso chega até você, de uma forma ou de outra.
Ou seja, se alguma vez você se perguntou por que os custos do transporte dos seus produtos é tão alto, talvez uma das respostas possíveis seja que a pirataria contribuiu para aumentá-los, o que interfere diretamente nos custos finais do seu produto.
2. O código de barras no combate à falsificação de produtos
Se tudo que dissemos até aqui te deixou desanimado, agora temos uma ótima notícia! Os números de algumas pesquisas recentes feitas com o consumidor brasileiro mostram que o código de barras pode ser um grande aliado no combate à falsificação.
De forma geral, a automação e a padronização de procedimentos que esse código permite já ajudam a combater inúmeras irregularidades no setor brasileiro há vários anos. Para que se tenha uma ideia, o código de barras chegou ao Brasil há 33 anos e, desde então, seu uso só cresceu e se consolidou.
Com a palavra “automação”, estamos nos referindo a qualquer processo que substitua a ação humana pela de máquinas ou softwares, o que torna uma atividade mais rápida, segura, barata e eficiente. O código de barras é, talvez, a mais importante forma de automação quando o assunto é identificar, rastrear e organizar a produção.
Vamos entender como esse código pode ser um poderoso aliado no combate não só das cópias ilegais, mas também do roubo de cargas, contrabando e outras atividades relacionadas com a segurança do transporte de produtos:
2.1 O código de barras pode conferir credibilidade
Segundo essas mesmas pesquisas que citamos, os consumidores brasileiros já estão familiarizados com o código de barras e têm uma grande expectativa de que essa forma de identificação continue se desenvolvendo e tornando suas compras mais práticas e seguras.
Hoje, a maior fonte de informações sobre um produto, para eles, ainda é o próprio rótulo. A projeção, no entanto, é que, dentro de alguns anos, quase todo mundo busque essas informações na internet, seja nas redes sociais, sites das marcas ou em aplicativos que comparam preços e oferecem descrições, como o Buscapé e o Zoom.
Como as compras pela internet, ao menos aos olhos desses consumidores, é considerada menos segura, é bem provável que o código de barras seja usado para conferir credibilidade aos produtos e aos sites que os vendem. Assim, há também uma demanda para que esse tipo de código passe a conter cada vez mais informações sobre esses produtos.
Hipoteticamente falando, se o número que vem com as barras passa a informar sobre a validade, procedência, CNPJ, telefone e até mesmo o e-mail da empresa que produziu aquele produto, ele se torna uma ferramenta poderosa para atestar que o produto é legítimo. Além de facilitar as compras daquele consumidor.
Hoje, um mecanismo muito parecido já é usado pelas autoridades para identificar fraudes, desvios de carga, falsificações e qualquer outro tipo de contrabando: trata-se do sistema GEPIR (Serviço de Verificação Global de Autenticidade de Prefixos), criado pela Associação Brasileira de Automação — GS1 Brasil.
Esse sistema tem um código próprio, mas, caso sua função seja transferida para o código de barras e os dispositivos móveis passem a ler esse código, os consumidores vão poder, eles mesmos, verificar a procedência e autenticidade do produto que pretendem comprar.
Há, ainda, um protótipo de código de barras que poderá ser lido por dispositivos móveis como tablets, celulares e até mesmo relógios como os Smart Watches — relógios inteligentes como o Android Wear, da Google. Trata-se do InBar, um aplicativo que poderá ser baixado facilmente por qualquer aparelho do tipo que esteja conectado à internet.
2.2 Ele torna os produtos rastreáveis
Basicamente, um produto rastreável é aquele que, mesmo após ser encaminhado para um distribuidor, pode ser localizado ao alcançar cada elo da cadeia produtiva.
Hoje, está em vias de ser implantado um padrão único global de identificação e comunicação que permita uma unificação do processo de rastreabilidade em todo o país. A ideia é que informações sejam registradas ao longo do caminho percorrido pelos itens transportados, desde o embalamento da matéria-prima até que o produto final chegue ao consumidor.
Isto é, sempre que é dada entrada ou saída em qualquer ponto intermediário da cadeia de distribuição do seu produto — quando ele sai da sua fábrica, é recebido pelo primeiro distribuidor, quando um distribuidor entrega a outro, quando chega ao destino final e é vendido — são geradas informações com a leitura do código de barras e o caminho que o produto percorre fica armazenado online ou em um sistema.
Se necessário, é possível recuperá-las a qualquer momento. Esse mecanismo pode ser de grande valia para distinguir os lotes autênticos de um produto dos falsificados.
A verdade é que a rastreabilidade é fundamental para a profissionalização de qualquer empresa. Além de evitar a falsificação, ela facilita o recolhimento de produtos defeituosos — processo também conhecido com o nome de recall — e dá mais segurança no transporte e distribuição, evitando roubos de carga e ajudando a localizar e neutralizar a ação de contrabandistas.
Como as informações armazenadas nos códigos de barras ficam mais detalhadas a cada ano, a combinação desse tipo de identificação com um bom sistema de rastreabilidade se torna uma arma sem igual para o combate à falsificação dos produtos.
O uso do código de barras e a rastreabilidade são, com certeza, duas tendências a que você deve ficar atento, principalmente se ambiciona aumentar sua rede de distribuição e começar a exportar os seus produtos.
2.3 Ele agiliza a verificação dos lotes de produtos
Como dissemos acima, as medidas de verificação da autenticidade dos produtos são necessárias, mas acabam aumentando o prazo das entregas. Se os seus produtos não tiverem códigos de barras, eles estarão mais expostos a falsificações e outros tipos de ilegalidades e também vão demorar mais para serem fiscalizados.
Já que o código de barras é uma das formas mais importantes de atestar que um produto é original, vale a pena você também contribuir para agilizar essa verificação, aderindo a esse tipo de código identificador.
2.4 Minimiza os custos desse processo
Se as cargas passam mais rapidamente pelos agentes alfandegários, os custos envolvidos também tendem a ser menores. O valor do transporte de um lote varia conforme diversos fatores, dois dos quais são a facilidade do trajeto e o tempo médio que ele demanda.
Se você adota uma ferramenta que agiliza a passagem da carga pela fiscalização — facilitando o trabalho dos fiscais — automaticamente torna o transporte dela mais fácil e rápido, o que reduz o preço final da viagem da transportadora.
Com certeza, isso vai ajudar muito na hora de negociar preços melhores e prazos de pagamento com as empresas que levam seus produtos a outros lugares. Se eles percebem que a sua mercadoria é de fácil traslado e não apresenta nenhuma complicação logística, não há motivo para não atenderem ao seu pedido.
2.5 Ajuda a despertar o interesse de fornecedores internacionais
Como dissemos lá na introdução deste artigo, a falsificação é um problema internacional. E as fronteiras entre países, portos e aeroportos é onde a atenção está mais redobrada para evitá-la.
O controle alfandegário não costuma ver com bons olhos lotes de produtos sem nenhum tipo de identificação saindo do país e pode ser que isso acabe interferindo na forma como as empresas de exportação selecionam o que vai ser enviado para o exterior.
Usando o código de barras, você não apenas ajuda a desestimular a falsificação como evita que aquilo que produz seja confundido com itens ilegais nessas barreiras.
Infelizmente, uma das consequências da falsificação é a rigidez da fiscalização nesses locais, e produtos mal identificados acabam sempre despertando suspeitas.
Afinal de contas, o mercado internacional é uma opção que nunca deve sair do leque do empreendedor. E todo critério de exportação que estiver ao seu alcance atender, ajuda, não é verdade? Investir em tecnologia demonstra para os seus possíveis parceiros que você leva a sério o seu controle de qualidade e não está disposto a brincar em serviço.
Conclusão
Como vimos ao longo deste artigo, a falsificação é um crime com consequências muito mais profundas do que se pode imaginar. Ela prejudica os fabricantes, consumidores, fornecedores, empresas transportadoras e também o consumidor final.
Combatê-la é contribuir para melhorar o nível dos produtos que chegam ao mercado, zelar pela segurança dos consumidores e certificar-se de que todas as relações comerciais sejam pautadas pela honestidade e transparência. Fazendo isso ajudamos a acabar ainda com o crime organizado e até mesmo com organizações terroristas, que se beneficiam do dinheiro ganho com essa prática.
Vimos também que produtos falsos circulando livremente não atingem apenas as empresas que têm que lidar com as cópias ilegais dos seus produtos. O pequeno e médio produtor também é afetado — de forma indireta, mas muito fortemente — pelas consequências dessa atividade ilegal.
E, com o código de barras, você pode contribuir bastante para aliviar todas as partes que sofrem com a falsificação, inclusive você mesmo. Além, claro, de desfrutar dos inúmeros benefícios que esse método de identificação fornece e dentre os quais podemos citar a rastreabilidade, segurança e profissionalização da sua cadeia de distribuição, que permite levar seus produtos mais longe e até mesmo para fora do país.
Ao longo deste artigo falamos que, além de combater a falsificação de produtos, o código de barras ajuda na segurança do transporte. E você, ficou interessado em se aprofundar nesse assunto? Quer se informar com outros conteúdos do blog? Então, confira nosso post: Como aumentar a segurança da mercadoria usando o código de barras? Mais um passo para melhorar o transporte do que você produz!