FCL e LCL: entenda o que significam no transporte de cargas
Você é um empreendedor e quer começar a exportar os produtos da sua empresa. Para isso, é importante conhecer alguns conceitos relacionados ao transporte de cargas. Dois deles são FCL e LCL, que significam, respectivamente, Full Container Load (Contêiner Totalmente Carregado) e Less Container Load (Contêiner com Menor Carga).
Esses conceitos sempre são utilizados nos processos de importação e exportação, ou seja, são aplicados diretamente no comércio internacional para caracterizar os diversos tipos de transportes de cargas.
Quer entender um pouco mais? Veja a seguir as características de cada uma dessas modalidades. Confira!
FCL e LCL: quais são as diferenças?
Para entender exatamente o que cada um desses modelos significa, é importante analisá-los em separado. Acompanhe:
FCL
Como o próprio nome afirma, o Contêiner Totalmente Carregado indica que o exportador tem uma carga suficiente para lotar o contêiner sozinho. No entanto, também pode significar que mesmo não tendo carga suficiente, quer que sua mercadoria seja carregada e transportada sozinha.
O FCL também é conhecido como embarque marítimo em contêiner.
LCL
Já o Contêiner com Menor Carga indica que o exportador não tem carga suficiente para encher o contêiner e, por isso, deseja compartilhar o transporte. Assim, evita pagar por um espaço que não utilizará. Nesse caso, o exportador sabe que o contêiner será compartilhado, sendo que a carga é enviada junto à de outros exportadores.
A vantagem desse modelo é que o custo de transporte é barateado, por ser rateado entre os exportadores que transportarão suas mercadorias. Assim que os produtos são descarregados, cada exportador tem a responsabilidade de cuidar da sua mercadoria.
O LCL também é chamado de cargas soltas consolidadas.
Por que é importante conhecer esses conceitos?
Entender sobre LCL e FCL é importante porque, dessa forma, você consegue compreender qual opção é mais adequada para a situação, considerando não somente a exportação, mas também o valor do transporte em ambas as modalidades.
Nesse sentido, o transporte de cargas pode ser via aérea ou marítima. Na primeira opção, o contêiner é fabricado de um material mais leve, geralmente fibra de vidro ou alumínio. Além disso, esse tipo de contêiner tem um corte específico para que o compartimento do avião seja aproveitado ao máximo.
Já no caso do envio por mar, são utilizados contêineres de tamanho padrão. O mais comum é que tenham entre 20 e 40 pés, acomodando, respectivamente, 30 m³ ou 20 toneladas de carga e 60 m³ ou 25 toneladas de carga.
Saber dessas indicações é importante para que você possa calcular qual opção é mais viável, tanto nos quesitos econômicos quanto em relação ao compartilhamento do transporte.
Além disso, você não pode se esquecer de que o volume externo e o peso do contêiner não são elementos contabilizados no frete — são apenas acessórios para o transporte de cargas.
Outros benefícios são:
- Redução dos gastos com embalagens;
- Dispensa do uso de armazéns;
- Redução dos gastos com seguro, porque há uma diminuição significativa de furtos e avarias;
- Facilitação dos procedimentos de carga e descarga, assegurando o manejo eficiente e rápido e causando menor ônus.
Falando nos contêineres, também é relevante conhecer os cinco tipos de cargas existentes. São eles:
Carga geral
Tem acondicionamento por meio de unitização ou embalagem de transporte, contando a contagem de unidades e a marca de identificação.
A carga geral pode ser categorizada como:
- Solta: as mercadorias são embaladas de acordo com formas e dimensões diversas, podendo ser em fardos, sacarias, engradados, caixas de papelão, tambores, entre outros;
- Unitizada: diversos elementos são agrupados nas unidades de transporte, podendo ser distintos ou não.
Carga a granel
Não é realizado acondicionamento da carga, que é seca ou líquida. Além disso, os elementos não têm identificação e nem contagem de unidades. Encaixam-se nesse tipo de transporte o petróleo, o trigo, a soja, entre outras mercadorias.
Carga frigorificada
Contém mercadorias que precisam ser congeladas ou refrigeradas para que suas características se mantenham e o produto não venha a estragar durante o transporte. Alguns exemplos são as carnes, as frutas frescas etc.
Carga perigosa
Esse é o tipo de carga que, quando não acondicionada corretamente, acaba colocando em risco as pessoas que a manipulam, prejudicando outras mercadorias transportadas ou danificando o meio de transporte.
As cargas perigosas seguem as Recomendações para o Transporte de Produtos Perigosos das Nações Unidas. Segundo as diretrizes, a classificação é a seguinte:
- Explosivos;
- Gases;
- Líquidos inflamáveis;
- Sólidos inflamáveis e semelhantes;
- Substâncias oxidantes e peróxidos orgânicos;
- Substâncias tóxicas (venenosas) e infectantes;
- Materiais radioativos;
- Materiais corrosivos;
- Substâncias perigosas diversas.
Neogranel
São carregamentos compostos de conglomerados homogêneos de produtos. São cargas gerais que não possuem acondicionamento específico. Além disso, devido às suas características, esses produtos podem ser transportados em lotes e em um embarque apenas. Um exemplo são os veículos.
Quais são os principais gastos dos transportes FCL e LCL?
Independentemente do tipo de transporte realizado, você, como exportador, deverá arcar com algumas despesas específicas. Os gastos locais são:
Terminal Handling Charge (THC)
São os valores cobrados devido à manipulação portuária. No caso do transporte FCL, a taxa é definida pela companhia marítima considerando a localização geográfica e o tipo de contêiner utilizado. Já no LCL, o cálculo é feito de acordo com a relação tonelada por m³, com a cobrança do valor mais alto.
Bill of Landing (B/L)
Taxa cobrada devido à emissão e à documentação do Conhecimento de Embarque. O pagamento é feito por emissão.
International Security Port Surcharge (ISPS)
As companhias marítimas aplicam essa sobretaxa a fim de compensar os gastos adicionais devido às medidas de segurança. No entanto, há diferença de cobrança conforme a LCL e a FCL. Na LCL, o valor é geralmente cotado de acordo com o B/L. Já na FCL, a sobretaxa é contabilizada pelo contêiner, por TEU (Capacidade de Carga do Contêiner) ou por B/L.
Outras rubricas
Além dessas cobranças, podem incidir outras rubricas, ou seja, o pagamento de outras despesas. Por exemplo: despacho aduaneiro, limpeza de contêiner, controle de equipamento etc. Conforme o tipo, a rubrica aplica-se por contentor ou B/L.
A recolha ou entrega (transporte terrestre) é um tipo de serviço que, no caso de FCL, é cotado por contentor, podendo a cotação ser feita por quilômetro ou por serviço. Já no caso de LCL, a cotação se dá, preferencialmente, pelo peso taxável. Para calcular esse peso, aplica-se uma fórmula. Por exemplo, um palete expedido tem peso de 1.600 kg e volume de 1,6 m3. Existe a constante 333 kg/m3m pela qual será multiplicado o volume. Assim:
- 1,6 x 333 = 532,8 kg.
O valor encontrado foi inferior ao peso real bruto, que é de 1.600kg. Portanto, o peso taxável é de 1.600kg.
Considere este outro exemplo. Um palete expedido tem 500 kg e 1,6 m3. Usando fórmula, temos que 1,6 x 333 = 532,8kg. Esse valor é superior ao peso real bruto, que é de 500 kg. Portanto, o peso taxável é de 532,8 kg.
Outras rubricas são IMO e OWS no transporte terrestre. IMO (International Maritime Organization) também é conhecida como OMI (tradução em português, Organização Marítima Internacional). A OWS é o Overweight Surcharge (Sobretaxa de Excesso de Peso).
Para FCL e LCL, o preço-base do transporte de mercadorias perigosas ou pesadas recebe, geralmente, incidência de 25% de taxa. Isso porque se trata de manipular e transportar produtos de elevado risco, seja devido à sua natureza, seja devido ao seu peso.
Finalmente, o despacho aduaneiro é uma rubrica que pode ser cotada de maneiras diferentes: por contentor, por B/L ou por fatura comercial. A forma de cotação dependerá da complexidade do embarque, ou seja, o tipo de mercadoria (exportação/importação), conforme a quantidade de artigos pautais que serão declarados, se serão necessários efetivar serviços, como inspeções aduaneiras, scanner de mercadoria, inspeções fitossanitárias e assim por diante.
No entanto, ainda existem diferentes sobretaxas no FCL e LCL que precisam ser consideradas. O transporte marítimo apresenta as seguintes rubricas básicas em relação ao frete:
- O/F (Ocean Freigh): frete puro sem taxa adicional (Em FCL, é um custo por tipo de contentor, no LCL, o custo varia de acordo com a tonelada por m3);
- BAF (Bunker Adjustement Factor): aplicada para corrigir as alterações no preço de combustível;
- CAF (Currency Adjustment Factor): aplicada para cobrir possíveis mudanças cambiais (um percentual aplicado sobre o frete e as sobretaxas em moeda internacional).
Além dessas rubricas básicas, o transporte marítimo tem outras sobretaxas relacionadas ao frete: EBS/BRC/BUC (sobretaxas de emergência); SCT (tráfego sobre o Canal de Suez); PCS (tráfego sobre o Canal do Panamá); Áden (tráfego sobre o Golfo de Áden); CSF/SEC (sobretaxa de segurança).
Em relação ao FCL e LCL de transportes marítimos, há sobretaxas temporárias de frete (aplicadas em casos específicos), como WRS, WS, Port Congestion, PSS, GRI/GRR/ERR. E também existem sobretaxas conforme o tipo de mercadoria que está sendo transportada ou a origem/destino dela (OOG, SEP, ICD, CDD e AMS).
FCL e LCL: a melhor forma de escolher
É necessário escolher a opção mais vantajosa conforme as características de cada um. Não considere apenas a exportação em si, mas o preço do transporte em cada caso.
No caso de viagem marítima, os contêineres são padronizados. No despacho aéreo, o contêiner é fabricado com fibra de alumínio ou fibra de vidro, por serem materiais mais leves. Também existe um corte no material para garantir que o compartimento do avião seja mais bem aproveitado.
É preciso calcular qual o volume que cabe em cada tipo de transporte e os valores específicos do FCL e LCL.
Um detalhe interessante e vantajoso é que o peso do contêiner e o volume externo não entram como variáveis para o cálculo do frete.
Considerando todos os detalhes, é possível escolher com objetividade entre FCL e LCL.
Todos esses elementos são importantes para o transporte de cargas e, por isso, você precisa saber o que significam FCL e LCL. Agora que você já entendeu os conceitos, deixe um comentário no post com suas dúvidas e comentários!
20/02/2017 às 14:43
Show. Precisava mesmo de uma explicação dessa, bem simples e sucinta, mas muito útil. Obrigado!
13/03/2017 às 19:08
Boa noite gostei não tive estudo..parei na terceira serie..adorei essa materia.
05/04/2017 às 14:56
Muito bom. Conteúdo conciso e fácil de entender
Muito bom. Conteúdo conciso e fácil d entender
10/04/2017 às 09:24
Obrigado pela interação, Rubens!
Sucesso nos negócios!
31/05/2017 às 09:30
Conteúdo de fácil entendimento.
31/05/2017 às 16:52
Muito esclarecedor . Tenho recebido cotação para importação de produtos e esta informações me ajudam muito, ja que trabalho mais é com mercado interno.
16/09/2018 às 13:50
A matéria é excelente de fato, apenas uma observação refente a capacidade de peso de carga dos contêineres, as unidades de 20 e 40 pés podem transportar entre 26 e 28 toneladas de carga ou até mais, isso vai depender do tipo do contêiner, como por exemplo se é super testado.